domingo, 31 de julho de 2011

VIVER É DESCOBRIR


O melhor do que podemos experienciar é o misterioso.
Quem não o vive e já não se maravilha, não se fascina,
está de certa forma morto e tem o olhar apagado.”
Albert Einstein

Tenho andado a ler sobre esta figura única que é Albert Einstein.
E muito para além do cientista e da mente brilhante vejo um homem de uma curiosidade imensa e fascinado pelos mistérios que a vida e a natureza ligada àquela, encerram. Basta olhar para a sua figura descontraída e o seu olhar brilhante e extraordinariamente vivo para perceber que era apaixonado pela descoberta da vida.
Isso deu-me o mote para reflectir exactamente sobre o significado da mesma, sobre os valores e sobre aquilo que nos preenche enquanto seres humanos nesta passagem a que eu chamo de aventura.
Viver é uma aventura, perigosa mas deslumbrante, e tal como numa relação de amizade ou de um qualquer outro afecto é preciso manter a chama acesa, sob pena de nos tornarmos um vegetal ou, pior do que isso, uma coisa sem alma, visto eu achar que as plantas têm uma alma vibrante.
Todos já sabem como me interesso pela política e por todos os assuntos que têm reflexos na nossa sociedade e na forma como nos relacionamos.
Porém, quando sou confrontada com os tablóides dos jornais e dos media em geral, por vezes deparo-me com assuntos absolutamente inócuos, fúteis e desprovidos de qualquer interesse. Outros, por força da repetição, levam-nos ao cansaço e à necessidade, puramente auto-reguladora da nossa sanidade mental e intelectual, de desligar.
Saber das tricas, das fofocas e dos dramas dos famosos é absolutamente irrelevante para quem não tem uma relação de proximidade com os verdadeiros dramas dessas pessoas, que os têm certamente. Fazer desses dramas espectáculo é puro voyerismo de coxia.
Ver esmiuçados até à exaustão os potenciais ou efectivos escândalos dos bastidores da política, só para fazer notícia e encher páginas de jornais e tempos de antena, põe-me doente. Passada a fase da indignação natural, entedia-me completamente.
Ouvir sobre os joguinhos da baixa política na luta de conquista pelos lugares ou observar os verdadeiros malabarismos a que muitos se dedicam para preservação dos mesmos, vulgo “jobs for the boys and girls”, pode ser interessante na medida em que põe a nu o despautério dos “carreiristas do tacho”. Tais análises ajudam a desmascarar essas figuras de fachada, cuja pedantice revela apenas uns quaisquer “Dorian Grey” inchados na sua própria imagem, revestida de fina camada de verniz. Porém é extremamente aborrecido e decepcionante, tendo em conta o que isso revela do oportunismo, da falta de seriedade e decoro vigentes no xadrez da política e nos meandros das redes de interesses instalados.
Ser bombardeado a toda a hora e por todos os meios com publicidade e assédio ao consumo de uma miríade de coisas das quais não precisamos para ser felizes, como se tudo fosse de primeira necessidade, coisas absolutamente fúteis que apenas escravizam a pobre gente levando-a a afogar-se em dívidas para alimentar os negócios do consumismo, em nome da prosperidade e de um crescimento económico que nada nos traz de prosperidade, quanto mais de felicidade, é irritante, para não dizer revoltante, na medida em que nos reduz a meras peças de engrenagem e a escravos iludidos por uma economia gananciosa e sem escrúpulos.
Ouvir falar da Troika e dos planos de austeridade, das promessas de campanhas eleitorais não cumpridas, de verdades absolutas que logo se tornam mentiras e ouvir declarações categóricas de duvidosa credibilidade e em que já ninguém faz fé, massacra e desencoraja.
Saber dos actos terroristas que grassam até nos países mais pacíficos do mundo e das atitudes tresloucadas que ceifam vidas ao desbarato, não faz qualquer sentido e aterroriza-nos.
Há que dar uma trégua neste carrossel alucinante de loucura e sem travões que é o mundo em que vivemos, quer se tratem de acontecimentos num horizonte de maior proximidade ou de cenários aparentemente mais longínquos.
Muitos de nós já passaram por situações limite na vida, momentos particularmente difíceis ou suficientemente tocantes no mais fundo de nós que nos levam a repensar tudo o que nos move e a ponderar até que ponto vale ou não a pena esgatanhar-nos tanto na vida. Nestes momentos somos levados a reposicionar os valores que verdadeiramente nos movem.
Um ente querido que perdemos ou estivemos em riscos de perder, uma amizade verdadeira ou sentimento que desperta em nós, um momento de realização, um acidente que nos muda a vida, um desafio que nos põe verdadeiramente à prova, um exemplo de alguém que nos faz olhar no mais recôndito de nós, uma vida que salvámos ou ajudámos a salvar, alguém que nos traz à tona e nos faz regressar lá das profundezas da obscuridade. Momentos de verdade!
Por outro lado, a vida está cheia de coisas tão simples quanto extraordinárias das quais tantas vezes não nos apercebemos e de repente descobrimos como são mágicas e positivas.

Nesta conjectura, hoje não me apetece comentar nada da política ou dos tablóides, não venho barafustar porque há corrupção, porque há interesses instalados, porque o sistema não funciona, porque há injustiça social, porque o trabalho está escasso e há desemprego, porque o mundo está de pernas para o ar… Aliás, sempre assim será e sempre teremos de combater e lutar por um mundo melhor, isto é, pela nossa própria felicidade, algo inatingível como uma assíntota, mas para onde se caminha sempre.
De outro modo, quando por qualquer razão mais ou menos consciente posso fascinar-me com mais um dia que nasce e quando um amigo que esteve em risco de vida hoje me diz com um sorriso novo, ele próprio fruto dessa descoberta e fascinação: “...Voltei a Nascer…”, quando isso passa a ser um motivo de consagração e eu sinto uma felicidade enorme por causa disso, tudo o resto me parece irrelevante.
Caros amigos, tenham um bom Domingo e não andem com a cabeça entre as orelhas. Sejam curiosos, não se acomodem e descubram todos os mistérios que puderem e… fascinem-se. Vai-se notar um brilhozinho nos vossos olhos e darão “um outro melhor BOM DIA”. Ficarão mais sorridentes, muito mais preparados para enfrentar as adversidades de mais uma semana que vai começar e muito mais apetrechados para prosseguir nesta luta quotidiana enquanto por cá andarmos nesta aventura.
Simples mas genial!


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