domingo, 7 de agosto de 2011

OS ESCÂNDALOS DA LUSITÂNIA

Foi em Novembro de 2008 que o escândalo do BPN rebentou, entrando como um petardo nos anais deste país.
O governo socialista da altura decidiu nacionalizar o banco com o argumento de que assim se evitariam males maiores, prevenindo o risco de contágio sistémico à restante banca nacional e por forma a segurar os depósitos dos clientes.
Surpreendentemente, Teixeira dos Santos, anterior ministro das finanças, veio dizer publicamente em Fevereiro de 2009 que “o estado não gastou nem envolveu dinheiro dos contribuintes” referindo-se à intervenção do estado no BPN. Terei ouvido bem? A ser assim a venda recente do BPN ao BIC teria dado 40 milhões de lucro! Os tais 40 milhões da treta.
Ora já foi assumido pelo actual executivo que o BPN já custou ao Estado - leia-se contribuintes - dois milhões de euros, resultado de imparidades da instituição, plasmadas no lixo tóxico perigoso de créditos mal parados que o estado assumiu para “limpar” o banco.
O negócio com o BIC rendeu os ridículos 40 milhões, pagos em prestações, mas em cima disso o Estado vai ter de pôr mais 550 milhões como garantia para que o BPN cumpra os ratios de liquidez que o Banco de Portugal exige para que o banco possa funcionar. De seguida vai pagar as indemnizações de 750 trabalhadores despedidos e vai pagar-lhes o sustento com o fundo de desemprego (quanto?)
O actual governo avança com a expectativa de recuperação do dinheiro injectado no BPN através da venda de activos imobiliários do banco e recuperação de crédito mal parado. Ouvi bem? Vocês ainda acreditam no Pai Natal?
Agora a cereja no topo do bolo: um dos anteriores administradores da Sociedade Lusa de Negócios que detinha o BPN foi nomeado para administrador da Caixa Geral de Depósitos, a mesma que tem gerido e supervisionado o BPN e através da qual o estado está a injectar dinheiro para não deixar cair o banco de todas as desgraças. A CGD, a banca nacional portuguesa, com um administrador de um banco falido e de má reputação (não vou referir outras nomeações pouco transparentes)? Ouvi bem? Alguém me belisque para saber que não estou a sonhar!
De certeza de que não estou a sonhar quando afirmo o que se sabe: que o BPN era uma sociedade de gangsters da alta finança, uma rede de tráfico de dinheiro, influências e favorecimentos, através de offshores e sociedades ocultas que desviaram o dinheiro da economia do país para os bolsos de uns quantos sem nenhuma contrapartida. Uma trama de negócios ruinosos em que acções rendiam 240 % no curto espaço de dois anos! Curioso! Eu investi na bolsa há três anos 4 mil euros das minhas poupanças do trabalho e já perdi mais de metade do capital! É certo que eu não percebo nada de bolsa mas há gente com sorte, caramba! O BPN faliu por causa de negócios ruinosos com os quais gente graúda ligada às altas esferas da política e do mundo da alta finança, (todos amigos e conhecidos), ganhou muito dinheiro. No entanto apenas um de maior relevo foi preso e está acusado de crimes: Oliveira e Costa. O que não significa que seja condenado já que a lei protege os poderosos.
Para não entrar em mais polémica, não obstante o desconforto sentido, termino questionando-me mais uma vez: Porquê o BIC? Porquê os 40 milhões? Porquê o favorecimento de Isabel dos Santos e de Américo Amorim, que já tinha interesses no BPN?

Independentemente das orientações da Troika para o Estado se desenvencilhar do problema, não teria saído mais barato liquidar o banco, vendendo os activos e pagando as indemnizações? São os 40 milhões que fazem a diferença? É que feitas as contas o BPN irá ficar muito mais caro aos contribuintes e mais uma vez alguém vai lucrar com isso, com o dinheiro de todos nós. Alguém que já é muito rico. É caso para pensar.

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