segunda-feira, 29 de agosto de 2011

IR AO FUNDO E NÃO VOLTAR

O Sr. Presidente da República, cada vez que abre a boca diz coisas que, ou não têm nexo ou ninguém entende. A última passou-se nas festas de Campo Maior quando os jornalistas o interpelaram sobre a nova ideia da moda de instituir a cobrança de um imposto extra para tributar as grandes fortunas.
Num país exaurido pelos impostos que nos apertam o garrote, e no meio de um ambiente festivo que supostamente serve de escape para as pessoas desanuviarem do ambiente pesado da austeridade que lhes carregam, o Sr. Presidente conseguiu fazer o pleno da insensatez ao aventar a ideia de mais um imposto, desta feita para repor o extinto imposto sucessório:
1º Estragou a festa e foi “desmancha-prazeres”;
2º Assustou ainda mais o povinho que já vive em pânico para conseguir pagar as contas;
3º Revelou uma preocupante dislexia de pensamento porque disse uma coisa e o seu oposto, isto é, ao mesmo tempo que referiu que os portugueses estão próximos do limite para pagar impostos, sugeriu mais um;
4º Foi mau conselheiro relativamente a um governo que tende a ir a reboque das tendências dos ecos peregrinos que pairam no ar vindos de fora e que às vezes parece não ter opinião própria sobre o que fazer de forma estruturada cá dentro.
5º Foi no mínimo deselegante e é lamentável que tenha aflorado uma coisa tão grave numa interpelação de rua, tipo assalto de paparazzi; Será mais uma das acções da sua “magistratura de influência” numa versão descontraída de época balnear?
6º Teve uma atitude errada e provocatória porque propõe para outros aquilo que já não o afectará a ele, a menos que queira propor a medida com retroactivos.
Ao que se sabe, o Sr. Presidente e a sua mulher já receberam as heranças de família que tinham que receber, economias de famílias honradas e trabalhadoras que o Sr. Presidente, segundo as suas próprias declarações, foi aplicar no BPN, em condições de favor à sua pessoa. Nada contra, não fora o BPN aquilo que se sabe e que estamos todos a pagar.
Por outro lado, sempre ouvi o Sr. Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, dizer que os políticos não devem ceder às pressões da Comunicação Social e ao imediatismo dos directos, que as instituições democráticas devem exercer uma política reflectida e em estreita cooperação na procura de soluções consensuais e amadurecidas. Enfim um garante da serenidade e da ponderação. Bem, mas como aderiu ao Facebook, deve ter-se deslumbrado com esta explosão da comunicação em tempo real. Tudo bem, mas cada coisa no seu lugar.
Pois eu acho que alguns senhores da política perderam o norte, e já não têm noção do que dizem, ou propõem, nem da forma como o fazem.
O que eu sei é que há gente neste país que se esfolou uma vida inteira a trabalhar para ter alguma coisita para deixar aos seus descendentes e proporcionar-lhes uma vida um pouco melhor, quantas vezes passando privações eles próprios. Se até isso lhe querem levar na hora da morte, tudo bem, e já agora comecem a cobrar também IMI pela sepultura ou inventem outra coisa qualquer para os mortos poderem continuar a pagar impostos e a contribuir para o buraco negro dos cofres do estado. Juntem lá mais este para engrossar a quantidade pornográfica de impostos e contribuições que nos obrigam a pagar para nos enterrarem.
E eu, já agora, sou capaz de abrir uma agência funerária, que o negócio da arquitectura anda muito por baixo e não dá que chegue para pagar impostos. Vendo bem, o Sr. Presidente acabou de me dar uma ideia para evitar ir ao fundo e não voltar.

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