sábado, 28 de janeiro de 2012

BARRIGA - ALUGA-SE!

No passado dia 19 foi a discussão à Assembleia da República um projecto de lei que visa despenalizar certas práticas de Procriação Medicamente Assistida (designação horrível), incluindo a prática das chamadas “barrigas de aluguer”. As propostas partiram do PSD, PS e BE. O primeiro defendendo a prática só para casais em que a mulher é infértil ou com forte probabilidade de desenvolver uma gravidez de alto risco, os restantes pretendendo alargar esta prática a mães solteiras e homossexuais. De todas as maneiras, em forma mais ou menos light ou heavy,  trata-se de despenalizar uma prática perante a qual uma mulher se torna hospedeira de um embrião e de um feto, dá à luz uma criança, depois entrega-a a um casal, que passa a ter plenos direitos paternais sobre essa criança, e de seguida vai à sua vida! Não se trata de uma questão de altruísmo, mas de um negócio contratualmente estabelecido, com raias do mais sórdido que pode existir: tráfico humano.
O assunto não só é polémico e fracturante, é absurdo. Não faz sentido sequer discuti-lo ou colocá-lo como hipótese. Legislar sobre o absurdo é algo que não tem cabimento e é perverso. Torna inócuo o que é aviltante, discrimina socialmente os actores desta estranha parceria, rebaixa a condição da mulher que gera uma vida dentro de si, relegando-a para a condição de um mero pacote de embrulho e reduz a mercadoria algo que jamais será transaccionável: a vida humana.
Pergunto, que mulher é essa que se disponibiliza para levar por diante uma gravidez, carregar uma vida nove meses, dar à luz, e entregar essa vida nos braços de outrem sem qualquer problema de consciência ou vislumbre de sentimento, e a troco de quê? Que porcaria de lei é esta que reduz à insignificância o milagre da maternidade? Para proteger quem? Qual das mães é a verdadeira?
Penso que se está entrar por um terreno demasiado movediço para sequer se pôr o pé, o milagre da maternidade, com toda a carga emocional que envolve para a mulher-mãe. Uma mulher jamais será a mesma antes e depois de carregar uma vida durante nove meses, de lhe dar sustento e calor para poder singrar. Dar à luz transfigura para sempre uma mulher.
É pois esta uma discussão patética. Sinceramente, com tanta criança desprotegida por esse mundo fora, a precisar de colinho e de protecção, não faltam aos casais inférteis oportunidades para adoptar e dar colo a uma dessas crianças, se outra técnica das muitas que há de procriação medicamente assistida falharem, ou caso não queiram submeter-se a elas. Tudo o resto é puro egoísmo. O mais que por aí existe no submundo é tráfico humano, logo é crime, e assim deve continuar a ser.

sábado, 14 de janeiro de 2012

C'O A BRECA! A DANÇA DAS CADEIRAS.

Está-se cada vez melhor neste cantinho à beira mar plantado (ou será lixado?)
1-      A Standard & Poor’s atirou-nos também para o caixote do lixo. Seremos assim tão mal cheirosos? Eu até costumo andar limpinha e perfumada e vejo, por maioria de razão, toda a gente andar asseada. Dizerem que a dívida é tóxica ainda se compreende e já nós sabíamos, que andamos afogados nesse maldito veneno. Agora “LIXO”? Esses senhores ratões das agências de rating estão feitos com os grandes interesses americanos e querem acabar com o Euro, esmagar-nos, isso é claro. Espantoso que a Europa, o grande velho continente, esteja completamente impotente a assistir à implosão da moeda única e refém deste expediente orquestrado e comandado a partir de Wall Street. Assistir a este julgamento sumário unilateral, sem direito ao contraditório, é qualquer coisa de aberrante e incompreensível. Já percebi que nem fazendo o pino, e por mais bons discípulos que queiramos parecer, (eu diria mais asnos!) nunca faremos boa figura e seremos sempre patinhos feios. Claro, que os mais feios e enjeitados da Europa, juntamente com os gregos seguindo-se os outros todos que estão no corredor da morte para o colapso financeiro por ordem de fealdade. Ou seja, estamos condenados de qualquer maneira. Por isso, somos asnos, por acreditarmos que ainda nos podemos safar da desgraça. Ingenuidade provinciana! “Big brother is whatching you, fellows".

2-      À mulher de César não basta ser séria é preciso parecer. Pensemos nas nomeações políticas para os cargos dirigentes da EDP e da AdP. Desconheço em absoluto se os senhores(as) são ou não são competentes. Não os conheço pessoalmente. Mas mesmo que o sejam, e duvido que todos sejam, o padrão não deixa de ser o de sempre, lugares bem instalados e bem pagos para a gente de confiança dos partidos do poder, troca de favores, travestidos de serviço à nação. A verdade é que são sempre os mesmos que fazem parte de uma elite com ligações políticas em alternância com colagem ao partido rosa e ao partido laranja e seus satélites. Não adianta nada o Sr. Catroga dizer que nem é do PSD, se as amizades deste senhor pertencem todas à mesma família política. A cara de satisfação deste senhor com a nomeação para presidente do Concelho Geral de supervisão da EDP, não deixa margem de dúvida que está encantadíssimo com o cargo. Semblante bem contrastante com o que ostentava quando andava a negociar o PEC com o governo Sócrates (mesmo sendo bem pago). Depois quando este senhor diz a propósito da escolha dos nomes como Teixeira Pinto e Braga de Macedo, entre outros: “São pessoas que se dão muito bem com o presidente executivo, António Mexia, e que os chineses conhecem. … Eles conhecem-lhes a cara.” E a propósito de Celeste Cardona, do CDS: “Não sei como é que esse nome aparece”. Está tudo dito. As escolhas são do espectro partidário do poder procurando agradar aos chineses, porque eles agora também mandam por cá, e ainda parece que há uns infiltrados, pelo menos aos olhos do Sr. Catroga. Mas também já lhe conhecemos as brejeirices e a forma desbocada.
O caso da nomeação de Manuel Frexes para a administração das Águas de Portugal é mais grave. Como é que alguém que dirige uma Câmara (Fundão), em litigância com aquela companhia das águas pode, em circunstância alguma, ser a figura para o lugar da empresa com que está litigante? Não pode ser minimamente credível, antes é espantoso. Só tem uma explicação e todos sabemos qual é. Não venham cá enganar os tolos em maré eleitoral. Isto vai deixar rancores na população que já não aguenta assistir a esta dança de cadeiras.
E isto é só o começo. Já se deu antes coma a Caixa Geral de depósitos e de futuro estão uma série de empresas públicas estratégicas, com cargos bem remunerados, à espera de serem preenchidos. Esperem para ver as nomeações para os outros grandes cadeirões de empresas como a EPAL, Águas do Algarve, CP, REFER, Metropolitano de Lisboa, GALP, ANA…. Por aí fora. Vamos ter muito para ver nesta dança de cadeiras.