IVA,
IRS, IRC, IMI, IMT, ISV, IUC, PEC; ISP, IS, IT….
Para além destes pomposos impostos, existe
toda uma panóplia de taxas e contribuições com que nos brindam nos mais
diversos ramos e sectores tendo em vista arrepelarem-nos o couro cabeludo e
chuparem-nos até ao tutano: ele é taxas moderadoras, taxas de apreciação de
processos, taxas de licenciamento, taxas de junção de documentos, taxas de
utilização, taxas de publicidade, taxas para ocupação da via pública, de
estacionamento, contribuição audiovisual e por aí fora, só para citar as que me lembro, enfim, um pinga-pinga
que não tem fim.
Feitas as contas de todos os impostos,
taxas e contribuições, cada português consome cerca de 70% do seu rendimento em
tributações, ou seja, está a trabalhar para o Estado. E ainda que por definição
o Estado sejamos todos nós, a verdade é que o Estado é uma máquina trituradora
de recursos, onde a má gestão dos dinheiros públicos e a corrupção
paulatinamente se traduzem no desperdício e no desvio dos dinheiros do seu fim
último e exclusivo, em prol do benefício da coisa
pública, para outros destinos ilegítimos e muito pouco recomendáveis. O
algodão não engana e basta passá-lo ao de leve pelos recantos da mansarda
portuguesa, que ele fica logo negro de porcaria.
Esmifrados pela máquina fiscal já
estamos todos anémicos e a economia, que é o nosso ganha-pão, também por tabela. É que
para salvar o Estado da falência, estamos todos a ir à falência, ou seja o país
afunda. Logo, por associação, os salários dos que trabalham e os rendimentos
das empresas vêm minguando, minguando que até mete dó. Tá visto que uma
desgraça nunca vem só e então lá vêm também os cortes brutais nos apoios
sociais na saúde, na educação, na cultura…
Um Estado falido é uma coisa constrangedora
porque come à mesa de todos nós em regime de diária completa, cama, mesa e
roupa lavada. Para o efeito usa umas coisas chamadas leis, feitas à medida, e quem
não cumpre é criminoso, portanto é comer e calar, pois sempre é preferível ser
pobre do que perder a honra com atos de fora-da-lei.
Sujeitos ao saque do nosso
pezinho-de-meia para colmatar o buraco financeiro, pagar os juros que daí
advém, garantir a manutenção de uma máquina administrativa obesa e despesista e
das empresas que vivem sob o chapéu protetor do Estado, devemos até ficar
agradados por sermos chamados a ser os salvadores da Pátria e da paz
instituída, pois é uma honra ser patriota! Ah! Esquecia-me que ainda nos convocam
para branquear as burlas das teias financeiras privadas e assim dão-nos mais
uma oportunidade de ser altruístas e magnânimos na nossa generosa atitude de
alegres pagadores.
No centro das nossas atenções estão
agora o carinho e aconchego que dedicamos às parcerias público-privadas e às
empresas públicas, esses paradigmas da lógica empresarial onde se gasta à
tripa-forra e produz-se “zero”. E claro, a cereja no topo do bolo, uma coisa
que dá pelo nome de BPN que é assim uma espécie de reduto de “irmãos metralha”
de cartola e de safados, porque sempre se safam das malandragens que vão
urdindo.
Que nos peçam sacrifícios quando não
têm mais onde recorrer parece inevitável, mas quando esses sacrifícios nos põem
a pão e água enquanto alguns comem caviar, quando a ameaça é a destruição de toda a capacidade produtiva do país e a ruína a curto prazo da classe média, o
assunto torna-se preocupante. E quando a toda esta situação se acrescenta a impunidade de
responsáveis, governantes deste país ou outros da esfera privada,
que não são chamados às barras dos tribunais e à praça pública para responderem por atos
que conduziram o país à situação de ruína em que se encontra, que os tribunais
sejam impotentes para julgar crimes económicos demonstrados em tese e à vista
de todos, então aí a extorsão fiscal passa a ter contornos de imoralidade.
É a escravatura moderna! “Obrigam-nos a pagar e
chamam-nos contribuintes”. (A frase não é de minha autoria, achei-a no facebook
e pespeguei-a aqui.)