O primeiro-ministro veio animar o nosso fim-de-semana com o
anúncio de novas medidas de austeridade.
Sob o pretenso pretexto de dar mais condições de
competitividade e promover o emprego por parte das empresas, o governo reduz a
taxa social única em 5,75 pontos percentuais. Em contrapartida aumenta em 7
pontos percentuais a prestação social dos trabalhadores. O balanço, claro, é
favorável para o lado do Estado que arrecada mais 1,25% por trabalhador e por
mês em prestações sociais, o equivalente a 36% do salário, a suportar equitativamente
pelo trabalhador e pela empresa. Esta foi a medida encontrada para sonegar mais
dinheiro aos portugueses para remendar o eterno buraco do défice e disfarçar a
derrapagem orçamental, em alternativa ao corte dos subsídios, medida declarada
inconstitucional.
Na prática a nova medida significa mais dinheiro retirado à
economia real e é um falso paliativo para as pequenas e médias empresas que
representam, note-se 99,6% do nosso tecido empresarial. Significa mais uma vez
a redução de salários e, consequente, a diminuição do poder de compra de bens e
serviços, logo, as empresas que dependem do mercado interno serão afetadas
negativamente.
De uma forma ou de outra a aritmética mais uma vez subtrai
aos mesmos, trabalhadores e pequenas e médias empresas, e soma aos gigantes que
detêm monopólios de bens essenciais. Favorece as empresas mais sofisticadas e
os acionistas tubarões que agora dominam as nossas empresas estratégicas.
Contribui para reforçar a “chinização” e “angolinização” do nosso país e os interesses
inerentes. Mais do mesmo, portanto.
Esta política não presta na medida em que sobrecarrega mais
uma vez a já exaurida classe média, e não promove nenhuma mudança estrutural
conducente à recuperação económica, bem pelo contrário. E não tinha que ser assim.
O Governo comporta-se como tendo um casamento de
conveniência com a população portuguesa, mas baba-se perante a sua amante de
luxo: a Troika. Esta é uma coelhinha tonta da Playboy e está mais ralada com a
defesa dos mercados e em manter o sistema financeiro a funcionar sem empecilhos
do que com os desgraçados dos portugas. A população serve para pagar os custos
da brincadeira com o seu trabalho e manter a casa limpa e sem mácula. E quem
sai fodido somos nós todos.
Ora a mim, como a muita gente, pouco me importa desde
quando remonta o regabofe financeiro que nos colocou nesta alhada. Sei é que
esta terapia de choque não é solução e nos vai enterrando cada vez mais fundo.
E sei que este governo está a fazer tudo ao contrário do que apregoou, não está
a ser hábil a negociar as condições do resgate, não está a ser contundente nas
reformas que podem inverter o rumo dos acontecimentos e prefere a via mais
simples e fácil de angariar receita sonegando-a aos rendimentos do trabalho, ou
não fôssemos o elo mais fraco. Mas talvez se enganem neste ponto.
Por isso, o conselho que dou a todos é:
- Vivam um dia de cada vez aproveitando tanto quanto uma vida
despojada vos possa proporcionar;
- Metam os cornos tanto quanto puderem a quem vos trai
todos os dias despudoradamente e não tem coragem de defender o seu povo;
- E comecem já a tratar do divórcio.
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