domingo, 9 de setembro de 2012

VIVER UM DIA DE CADA VEZ


O primeiro-ministro veio animar o nosso fim-de-semana com o anúncio de novas medidas de austeridade.

Sob o pretenso pretexto de dar mais condições de competitividade e promover o emprego por parte das empresas, o governo reduz a taxa social única em 5,75 pontos percentuais. Em contrapartida aumenta em 7 pontos percentuais a prestação social dos trabalhadores. O balanço, claro, é favorável para o lado do Estado que arrecada mais 1,25% por trabalhador e por mês em prestações sociais, o equivalente a 36% do salário, a suportar equitativamente pelo trabalhador e pela empresa. Esta foi a medida encontrada para sonegar mais dinheiro aos portugueses para remendar o eterno buraco do défice e disfarçar a derrapagem orçamental, em alternativa ao corte dos subsídios, medida declarada inconstitucional.

Na prática a nova medida significa mais dinheiro retirado à economia real e é um falso paliativo para as pequenas e médias empresas que representam, note-se 99,6% do nosso tecido empresarial. Significa mais uma vez a redução de salários e, consequente, a diminuição do poder de compra de bens e serviços, logo, as empresas que dependem do mercado interno serão afetadas negativamente.

De uma forma ou de outra a aritmética mais uma vez subtrai aos mesmos, trabalhadores e pequenas e médias empresas, e soma aos gigantes que detêm monopólios de bens essenciais. Favorece as empresas mais sofisticadas e os acionistas tubarões que agora dominam as nossas empresas estratégicas. Contribui para reforçar a “chinização” e “angolinização” do nosso país e os interesses inerentes. Mais do mesmo, portanto.

Esta política não presta na medida em que sobrecarrega mais uma vez a já exaurida classe média, e não promove nenhuma mudança estrutural conducente à recuperação económica, bem pelo contrário.  E não tinha que ser assim.

O Governo comporta-se como tendo um casamento de conveniência com a população portuguesa, mas baba-se perante a sua amante de luxo: a Troika. Esta é uma coelhinha tonta da Playboy e está mais ralada com a defesa dos mercados e em manter o sistema financeiro a funcionar sem empecilhos do que com os desgraçados dos portugas. A população serve para pagar os custos da brincadeira com o seu trabalho e manter a casa limpa e sem mácula. E quem sai fodido somos nós todos.

Ora a mim, como a muita gente, pouco me importa desde quando remonta o regabofe financeiro que nos colocou nesta alhada. Sei é que esta terapia de choque não é solução e nos vai enterrando cada vez mais fundo. E sei que este governo está a fazer tudo ao contrário do que apregoou, não está a ser hábil a negociar as condições do resgate, não está a ser contundente nas reformas que podem inverter o rumo dos acontecimentos e prefere a via mais simples e fácil de angariar receita sonegando-a aos rendimentos do trabalho, ou não fôssemos o elo mais fraco. Mas talvez se enganem neste ponto.

Por isso, o conselho que dou a todos é:

- Vivam um dia de cada vez aproveitando tanto quanto uma vida despojada vos possa proporcionar;

- Metam os cornos tanto quanto puderem a quem vos trai todos os dias despudoradamente e não tem coragem de defender o seu povo;

- E comecem já a tratar do divórcio.

Sem comentários:

Enviar um comentário