quinta-feira, 3 de novembro de 2011

NERVOS, PÂNICO E DESESPERO

Tudo se tem estado a precipitar com o caso grego e os acontecimentos da cena política e social sucedem-se em roda livre, já ninguém conseguindo antever cenários nem medir as consequências do que está para vir, seja lá ele o que for.
Se é verdade que, à primeira vista, Papandreau teve uma atitude desleal em relação aos seus parceiros europeus quando, num acto de dramatismo próprio de uma tragédia grega clássica, fez anunciar a realização de um referendum sobre a continuidade da moeda única no país, quando nada fazia prever uma hesitação política, face à aprovação ao perdão de 50% da dívida grega por parte dos dirigentes da zona euro, o certo que é que este golpe doméstico grego, para além de pôr em verdadeiro estado de sítio e à beira de ataque de nervos a Europa dos 27, lançou o pânico à escala mundial e colocou a crise grega e do euro no centro do debate da cimeira dos países do G20.
Tudo indica agora que muito provavelmente a atitude de primeiro-ministro grego não passou de dilatória, com o fito de neutralizar o principal partido da oposição e tentar ganhar fôlego político em condições conjunturais e de anti-popularidade extremamente adversas, com os gregos afogados nas medidas de austeridade e revoltados com a UE e com a Troika, a verdade é que o mundo tremeu como um pudim de gelatina prestes a desabar com esta ameaça grega.
Na realidade, os gregos têm direito de escolha mas o que não parece é que tenham alternativa, pois dependem dos dinheiros do FMI e do BCE como o pão para a boca, literalmente, e a saída do euro seria a banca-rota da Grécia e significaria o caos social e económico naquele país.
Porém, se a Grécia está refém da UE, o mundo está refém da Grécia. É que apesar de a Grécia representar apenas 2% do Produto Interno Bruto da economia europeia, o edifício financeiro da economia global é feito de barro e a Grécia é um tijolo que se for retirado pode fazer colapsar e desabar toda a estrutura, pois o efeito “dominó” resultante da rotura do euro por parte da Grécia propagar-se-ia a todo o mundo e seria imediato. Pelo menos é o que dizem os entendidos…
Este fenómeno de interdependência económica e financeira não deixa de ser curioso. Imaginem que um dia alguém algures num país decide dar o “grito do Ipiranga” e achar que este sistema não serve e já não responde às aspirações de um povo, e que esse alguém consegue mobilizar uma nação a remar contra a maré?
A verdade é que a revolta já começou e vive-se um clima de inquietação e desespero no mundo. Veja-se por exemplo os acontecimentos que estão a ocorrer nos E.U.A. em que Oakland está a ferro e fogo e os telejornais revelam imagens de desordem nas ruas que há muito não se viam neste país, com adeptos do designado “movimento Occupy Wall Street”, de reacção contra os mercados financeiros.
Remetendo-nos à história bíblica do “David e Golias”, o Golias que se cuide.   

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