domingo, 12 de junho de 2011

MUDANÇA

            Depois das eleições do passado Domingo, a primeira sensação que se tem é de duplo alívio.
            Alívio por nos vermos livres de Sócrates, da sua governação estroina e da parafernália propagandística do aparelho do seu partido, ao qual desejo agora melhor sorte.
            Alívio por ter chegado ao fim o espalhafato de uma campanha estéril, em que perdemos tempo com agendas eleitorais, num país em que está tudo por fazer e adiado. Porém, tendo em consideração que a realização de eleições era a única saída possível, paciência. Agora já está. Pedro Passos Coelho ganhou a sua primeira prova de fogo, vamos ver com as que se lhe seguem, bem mais desafiadoras e exigentes das suas próprias capacidades. Veja lá Sr. PPC de quem se vai rodear e como vai negociar com o CDS de Paulo Portas… Façam o favor de se entenderem para o bem do país e cumprirem levando a cabo com coragem as reformas necessárias, pondo a demagogia e os interesses partidários de lado. Muito bom senso precisa-se por parte dos dirigentes. A TODOS os portugueses, trabalhadores, empresas e instituições compete agora tentar remediar o que poderia ter sido prevenido.
            A mudança política é agora um facto consumado e para isso, ninguém diz, mas é verdade, muito contribuiu o sinal dado na manifestação de 12 de Março, genericamente designada pela “…da geração à rasca”, e que contou com a adesão de milhares de pessoas, tudo gente à rasca e de todas as gerações. A partir daí, se bem se lembram, tudo se precipitou. Denegrida por muitos comentadores e politólogos formatados pela partidocracia, por sindicalistas e dirigentes partidários, esses sim à rasca com um fenómeno à margem das suas hostes, na verdade o sinal para a mudança estava dado.
            Entrámos pois num novo ciclo político e social. A consciência das dificuldades está presente na mente dos portugueses, mas em simultâneo ganhou-se uma nova esperança, uma vontade de renascer das cinzas, tão forte quanto o desejo de sair do marasmo e da paz podre em que Portugal tem vivido, numa clivagem profunda entre sociedade civil e instituições, entre governantes e (des)governados. Necessidade de renascer tão emergente como um qualquer instinto de sobrevivência vem à tona quando estamos sob ameaça. Exclusão feita aos que vieram ao mundo por ver andar cá os outros e que cronicamente se estão nas tintas para tudo. Porém, esses não merecem aqui e agora mais comentários. Talvez noutra ocasião.
            O discurso de António Barreto, presidente da organização das comemorações do 10 de Junho, foi brutal em clarividência e sapiência. Bateu fundo na consciência de todos nós.
            Agora temos pela frente um trabalho árduo. Há 100 medidas de austeridade para levar à prática já no curto prazo, até Setembro. Ao ler o memorando da Troika (detesto este nome), parece-me impossível alcançar todas aquelas metas de cortes e mais cortes, sem que isso seja acompanhado de uma reestruturação profunda do sistema e das mentalidades. Sabemos como isso é difícil e pode levar décadas ou talvez possa nunca acontecer. Nada está garantido a este nível. Parece-me pois uma tarefa gigantesca num país caracterizado por forte resistência e inércia à mudança planificada, como tem sido o nosso, globalmente.
            Como diz AB: “É quase impossível. Mas é possível.” A esperança reside na utopia de tornar possível o que parece impossível. BOA SORTE PORTUGAL. Ainda que com “Sangue Suor e Lágrimas”, aqui vamos nós, na perspectiva de que “A Luta é Alegria”. Mas, por favor senhores, não nos defraudem mais uma vez, pois não encontraremos de novo as forças e a disposição para reerguer de novo o país com o nosso suor, se a causa for perdida.

1 comentário:

  1. Olá Ana Paula
    Gostei deste novo texto que escreveste no teu blogue.
    Acabei entretanto de ler o livro "Um mundo sem medo", de Baltasar Garzón, e enquanto não pego novamente no livro "Corrupção", de Luis de Sousa, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, de que António Barreto é o presidente do conselho de administração, estou a reler a "Constituição da República Portuguesa" e a "Declaração Universal dos Direitos do Homem", duas "bíblias" que supostamente deviam ser seguidas, percebemos o quanto falta fazer.
    Bjs.

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