quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

SILÊNCIO ENSURDECEDOR

Estamos a entrar numa época de reflexão e reconciliação. O Natal apela ao nosso lado mais espiritual e humano, reclamando mais brandura e afecto de todos nós.
Porém, o carrossel da perversidade não se detém nunca e eis que esta semana surge uma notícia horrenda e chocante, sinal gritante de mais uma história de terror oculta no recato de quatro paredes de um falso lar. Impossível ignorar, por mais que o assunto repudie e nos induza a não falar sobre ele, pelo mal-estar que causa na nossa existência normal, apesar de tudo, confortável e tranquila.
Em França, um menino de três anos foi metido na máquina de lavar pelo próprio pai que posteriormente ligou o aparato num programa de secagem de roupa com a criança lá dentro, perante a impotência da mãe, presente em casa, que invocou o carácter violento e dominador do pai para não ter actuado de forma a impedir o acto que levou à morte do pequeno Bastian.  
Inimaginável, e sem outros adjectivos para qualificar o crime porque não há palavras… como nunca há para actos desta natureza, e todas as que se proferirem são ensurdecedoras. Tal como o silêncio…  
Pobre criança que na sua perigosa inconsciência infantil cometeu o gravoso erro de se portar mal no infantário, rasgando o desenho de um colega. Que infelicidade este menino ter um monstro no lugar de pai e não ter nascido com dons de premonição para não cometer actos que tais, susceptíveis de desencadear a ira do monstro de que estava cativo. Este menino não tinha blindagem que o defendesse das garras de um tresloucado e ninguém para o proteger desta fera.
Criatura inenarrável aquele pai, que deste nome não é digno, nem de nenhum outro que o conote sequer com um ser. Será mais adequado chamar-lhe a “coisa”.
Atordoante a conduta passiva e a indiferença da mãe, como se tudo se tivesse tratado de uma inevitabilidade.
Na minha impotência só me resta desejar muito forte que a justiça tenha mão pesada para estes dois e que, se tiverem ainda um mínimo de consciência, se afoguem no seu próprio veneno.    
É Natal! Paz e amor a toda a Humanidade!
Nota: A morte por violência doméstica e familiar é, segundo as estatísticas, o segundo dos crimes mais registados contra as pessoas, o quarto no total das participações criminais em Portugal (sabe-se que muitíssimas situações nunca chegam a ser denunciadas). Por cá são largas dezenas as vítimas, todos os anos. Muitas mais pessoas são alvo de maus-tratos de toda a natureza, sendo as principais vítimas as crianças, as mulheres e os velhos.    

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